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Olhar de fotógrafo (parte 01)


Este artigo foi inspirado em duas leituras recentes. Seguem as fontes:


Antes de investir seu tempo neste artigo, saiba que irei viajar (não que eu já não faça isso). Espero que eu possa manifestar opinião construtiva e aberta ao diálogo. Dito isto...

Fico imaginando indivíduos de tribos *primitivas, apavorados por verem sua própria imagem numa folha de papel. Poderiam achar que suas almas estariam aprisionadas?
De certa forma, fotografias realmente “aprisionam” alguma essência, mas esta diz respeito ao indivíduo que produz uma imagem.


Se formos mais longe... poesias, canções, pinturas, esculturas, etc. compartilham de um mesmo meio de produção – o ser humano.
Alguém pode dizer que “distintas” formas de arte são produções que partem da nossa mente, mas fotografias não?
Fotografias seriam extratos do que ocorre no tempo e quem fotografa apenas registra a ocorrência, será mesmo que é simplesmente isso?

Peraí... A construção de uma peça artística carrega nossas experiências cognitivas, nossas aspersões subjetivas, bagagem cultural, etc. Construímos por experiência de alguma vivência, mesmo que seja apenas no “mundo” onírico.

Deficientes visuais fotografam quando tocam nossos rostos. Vide o caso dos morcegos, que navegam apenas pelo som e assim constroem imagens.
A natureza nos deu ferramentas para a construção de imagens - sejam elas térmicas, auditivas... os nossos cinco sentidos constroem o mundo a partir de lembranças (mesmo que sejam fantasias).


Não acredito que os olhos são responsáveis pela visão, na verdade todo o nosso corpo vê. A intuição é uma forma de visão também.
E as fotografias? Não seriam produzidas (ou capturadas) com base naquilo que somos sensíveis?
O que dizer de uma abstração? Imagens (vídeos e fotografias) são abstrações de um mundo tridimensional, expressas em duas dimensões, certo?

Então posso crer que fotografar é um ato que apresenta aquilo que somos, percebemos e desejamos transmitir? Opa, oque é o olhar fotográfico no meio dessas questões? É o todo!
Pensando assim me classifico como fotógrafo, ou melhor, artista introspectivo - que parte do princípio de que o plano das ideias dirige o que pretendo produzir.
Talvez não seja exatamente este o caso de fotógrafos de esportes, natureza, casamentos... Vejam bem, em meu ponto de vista, fotógrafos de **sucesso conseguem relacionar pressentimento e sentimento para registrar algo que os olhos não podem ver.
Se o artista concebe obras pautadas numa raiz que ultrapasse o que é material, sim, aí sim entenderei que ali há algo fora do cotidiano - e isto pode ocorrer em qualquer ramo da fotografia.


Por fim, isto para mim é fotografia - que não tem horizontes, dogmas, doutrinas... com lápis e papel estaremos fotografando. Se eu estivesse numa caverna, fazendo desenhos rupestres eu estaria fotografando. Se eu fosse o oleiro, meu vaso seria a minha fotografia. Minha inspiração parte deste entendimento.

*Tenho ressalvas quanto ao que se diz ser primitivo, mas isto é assunto para um artigo que pode não se encaixar no objetivo deste blog.
** O sucesso (para mim) não é medido pela popularidade de um produto.

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